ARQUITETURA PRÉ-HISTÓRICA
Inicialmente os homens usavam formas naturais de moradias e templos, tais como: Grutas e Cavernas. Utilizavam também cabanas feitas com tronco de árvores, ramagem, pedras ou barro. Buscavam defesa e isolamento, utilizavam inclusive terrenos pantanosos onde construíam palafitas.
O Homem nunca se considerou membro de uma manada e buscou seu isolamento, mesmo que temporário, para ele e sua prole. Sempre quis resguardar a sua individualidade.
As formas das construções e os materiais empregados dependerão do local e da climatologia de onde se encontram. Duas necessidades deveriam ser atendidas pela arquitetura: defesa e religiosidade.
Stonehenge exemplifica os princípios básicos de toda a arquitetura. Seus criadores entenderam o elemento fundamental de sustentação e peso, em que pilares verticais suportam o peso de vigas mestras horizontais. Foi composto com pedras que chegam ao peso de 50 toneladas retiradas das montanhas de Gales a centenas de quilômetros de distância.
Alinhamento de Carnac – 1800 a.C. França – motivação religiosa. 10 mil blocos de pedra alinhados em direção ao mar – sentinelas de pedra.
ARQUITETURA MESOPOTÂMICA
Período e localização: V milênio a. C entre os Rios Tigre e Eufrates. (Atual Iraque)
Material mais utilizado: Adobe (blocos de barro secos ao sol que eram dispostos ainda úmidos para que se fundissem).
Utilizavam mosaicos, estrutura de madeira e mais tarde de tijolo.
Construíam templos sobre um tipo de pirâmide chamado “Zigurat”.
Na Mesopotâmia, vemos a primeira fase de uma revolução urbana. Estruturas públicas, com ruas, praças, muros, portas, templos, palácios, canais, casas e lojas, o que hoje chamaríamos de “zona mista”, serviam a uma população estimada em mais ou menos 50 mil pessoas. Hoje tudo que resta é uma colina de barro.
Período e localização: 2900 – 700 a. C, ao longo da bacia do Rio Nilo.
Arte egípcia se inspira no passado como base de sua renovação. Por isso mantém coerência em seu desenvolvimento artístico, empregam o monumentalismo e a grandiosidade em seus programas de construção.
Desenvolvem a arquitetura religiosa devido às profundas crenças religiosas baseadas no milagre renovado da fertilidade do Nilo e em honra dos Deuses, no enfoque da permanência e imutabilidade.
Constroem túmulos por acreditarem na vida após a morte, o clima desértico e abundância de pedra, luminosidade e mão de obra abundante são fatores importantes no tipo de arquitetura Egípcia.
O embrião da forma revolucionária da pirâmide originou-se na mastaba, uma tumba retangular de cobertura plana, que significa “banco” em árabe. A tumba era feita primeiro com tijolos de barro e depois em rocha sólida, com frestas que levavam a uma cripta subterrânea, eram projetadas para proteger o corpo mumificado até o fim dos tempos. Depois das mastabas, a fase seguinte foi a pirâmide escalonada de Zoser
Pirâmide escalonada de Zoser projetada pelo primeiro arquiteto conhecido Imhotep (2700 a.C.)62m “para que ele possa subir ao céu.”
As pirâmides dos faraós Miquerinos, Quéops e Khéfrem encontram-se no limite do deserto à margem ocidental do Nilo onde terminam as terras férteis e o sol se põe sobre o deserto, inimigo da vida.
Sua construção demorava freqüentemente toda uma geração onde centenas de trabalhadores eram instalados junto ao canteiro de obras e muitos perdiam a vida ao deslocarem pedras que pesavam toneladas.
O resultado era uma edificação em escada que representava a hierarquização da sociedade e a garantia da legitimidade e eternidade da cultura egípcia.
Cada pirâmide possuía um templo de culto aos mortos com seu próprio clero, onde a memória do faraó era mantida.
A pirâmide de Kheops orienta as suas faces para os quatro pontos cardeais, assim como as outras, limitando o Delta com o prolongamento de suas diagonais.
Já a inclinação adotada permitia que o raio da estrela Sírio entrasse na câmara do núcleo da pirâmide no primeiro dia do ano.
Após ter ficado evidente que as pirâmides podiam ser saqueadas por ladrões de túmulos, os faraós começaram a construir complexos de templos com tumbas entalhadas diretamente em rochedos. Dois complexos templos perto de Tebas eram igualmente ricos em sua arquitetura, eram os templos de Luxor e Karnak que estão erguidos por espessas colunas entalhadas, imensos portais e avenidas alinhadas com esfinges com cabeças de carneiro.
Por volta de 2000 a.C. desenvolve-se a cultura cretense, da qual resta apenas uma pequena parcela de tudo que foi feito. Graças a arqueólogos pode-se hoje contemplar palácios como o de Cnossos.
Sem a descoberta de arqueólogos seria praticamente impossível sabermos algo sobre arquitetura dessa época, pois nenhuma construção da antiguidade se encontra completa e no seu estado original.
A cultura micênica também se desenvolveu no continente grego por volta de 1600 a.C.
Portal do Leões - exemplo de construção micênica
A partir de 1200 a.C. os dórios conquistaram parte da região absorvendo elementos cretenses e micênicos. Assim passou a formar-se uma identidade comum que atingia a toda a Grécia com mitos, cultos e jogos comuns: as olimpíadas. Pelo mesmo motivo irá se desenvolver uma arquitetura homogênea.
O templo era o gênero de construção mais importante, além dos teatros onde também se celebravam cerimônias. Os gregos também consideravam o templo como sendo a morada dos deuses, desta forma instalavam a estátua de um deles em seu interior, sendo o acesso permitido apenas aos sacerdotes.
Para realçar esse espaço conhecido como cela foi inicialmente utilizado colunas de madeira sendo depois substituído por pedras, deste modo renasceu a construção em pedras, desaparecida desde a época micênica.
É certo que a cultura desenvolvida por estes povos foi fonte de inspiração estilística para a cultura grega como, por exemplo, no capitel da coluna dórica inspirado nas representações do relevo dos leões do palácio de Micenas.
ORDEM DÓRICA
O escultor Policleitos estabeleceu um critério de medidas ideais para o corpo humano que produzia estátuas de beleza ideal. De forma semelhante, na arquitetura, um sistema de “ordens” definiu as proporções ideais para todos os componentes dos templos, de acordo com proporções matemáticas previamente estabelecidas.
A ordem era baseada no diâmetro de uma coluna, com outros elementos derivando dessa medida. As colunas, normalmente seis, dispostas transversalmente à frente e aos fundos dos templos, eram de 4 a 6 vezes mais altas do que o diâmetro do fuste.
Templo de Hefesto - Templo grego dórico 449 a.C.
Treze colunas, o dobro mais uma, circundavam cada lado. Cada coluna era composta de vários tambores sobrepostos com vinte caneluras que proporcionavam coerência e unidade visuais, além de fluidez, às colunas segmentadas. Os pilares eram ligeiramente salientes no meio, como se estivessem comprimidos pelo peso de sua carga (êntase) – correção ótica.
ORDEM JÔNICA
Vitrúvio (romano) - historiador de arquitetura escreveu que a arquitetura grega era baseada na forma humana, comparando o estilo dórico a um homem vigoroso e o jônico a uma forma delicada de mulher.
Sua marca é a voluta em um capitel jônico, que lembra as pontas enroladas de um pergaminho. O fuste de cada coluna é 8 a 9 vezes maior que seu diâmetro, com 24 estrias. Os templos jônicos parecem geralmente mais delicados do que os robustos templos dóricos.
ORDEM CORÍNTIA
Na Grécia clássica, onde o credo era “nada em excesso”, as colunas coríntias eram raras e usadas exclusivamente para interiores. A popularidade do estilo cresceu durante o período helenístico, quando a cultura grega se difundiu amplamente.
Os romanos ficaram particularmente encantados com a ornamentação e espalharam colunas coríntias livremente por todo o império. A marca deste estilo é o capitel característico moldado como um sino invertido cercado por folhas de acanto.
De acordo com Vitrúvio, o escultor Calímaco, durante um banquete em Corinto, concebeu a forma ao avistar um cálice cercado de folhas. Sua coluna de 24 estrias é a mais alta das ordens, com uma altura 10 vezes maior do que o diâmetro de uma coluna.
Templo de Diana - início do século I d.C. - colunas corintias
Em outras regiões já desenvolvidas como o Egito, a arte de construção em pedra era um conhecimento secreto, diferentemente do modo de pensar do grego que prezava a liberdade entre seus cidadãos.
Vai se reaprender então todo o processo construtivo caracterizado por regras matemáticas sendo de acesso livre a sua utilização por todos os cidadãos atenienses interessados.
Harmonia e clareza das formas são o grande destaque das construções gregas que continuam a ser consideradas perfeitas e exemplares. Dois conceitos dominam esta arquitetura: medida e proporção.
Os elementos arquitetônicos são racionais em virtude de sua função. Está sempre presente o princípio de que o homem é a medida de todas as coisas.
Estes dois aspectos: Racionalidade e idealismo humanista constituem a raiz da beleza das formas arquitetônicas gregas quanto ao fundamento da estética de seu classicismo.
Costuma-se caracterizar o desenvolvimento grego em três fases distintas:
Período pré-clássico: Séc. VIII a.C.
Período clássico: Séc. V e parte do séc. IV.
Período Helenístico: A partir das conquistas de Alexandre Magno até a conquista de Corinto por Roma em 146 a.C.
Na arquitetura grega se emprega preferencialmente a pedra entre elas o mármore branco de Paros e do Pontélico e o mais escuro do monte Himeto, utilizou-se também o calcário de Eleusis e ainda arenito de pedreiras próximas às construções.
A arquitetura grega não se limita apenas à península Balcânica, mas também às ilhas do Egeu e do Jônico e cidades vinculadas à cultura grega na Sicília, no sul da Itália, nas costas da Ásia Menor e do mar Negro até a península da Criméia.
ARQUITETURA CÍVICA
Os gregos clássicos não se preocupavam muito com finos palácios ou com a ornamentação de suas modestas casas. No entanto faziam de tudo para beneficiar a população com estruturas para negócios públicos ou para competição de atletas.
Numa democracia participativa, acreditavam ser mais conveniente gastar mais em artes e projetos públicos. O centro da vida política, social e comercial era a ágora, praça pública aberta ou mercado onde aconteciam debates públicos sobre problemas da cidade.
Outras estruturas públicas, como o bouleuterion, área coberta para 1200 pessoas decidirem os assuntos de Estado, a basílica, termas, ginásios e estádios.
Outra estrutura pública ainda em uso é o Anfiteatro em Epidauro, construído para 14 mil espectadores.
Anfiteatro em Epidauro, composto por 55 fileiras de acentos de pedra em rampa íngreme.
Além de assembléias políticas, também aconteciam festivais religiosos e peças teatrais.
“O Partenon, essa máquina terrível, reduz a pó tudo o que encontra num raio de três milhas”. Le Corbusier, 1911 em visita a Acrópole.
Templo da protetora da cidade “Atena Paterno”. Totalmente construído em mármore destruído pelos Persas em 480 a.C. foi reconstruído por Péricles.
Em 1687 um projétil veneziano atingiu um paiol de pólvora turco instalado no Partenon destruindo parte da estrutura. As dimensões do exterior são enormes, tendo 8 ao invés de 6 colunas frontais como era o costume da época.
No Partenon pode-se observar pela primeira vez todas as correções óticas e liberdades arquitetônicas que lhes dão uma dinâmica tão viva. Nenhuma linha é totalmente reta sendo-lhes imprimida uma tensão através de uma curvatura praticamente imperceptível. Para evitar a sensação de rigidez das fachadas, as colunas são ligeiramente inclinadas pra dentro, assim como os fustes apresentam uma pequena convexidade chamada “êntase”,que lhe torna perceptível a carga suportada.
Além das leis, talvez a contribuição mais importante de Roma tenha sido nas áreas de Arquitetura e Engenharia. Os construtores romanos não só desenvolveram o arco, a abóbada e o domo, como foram pioneiros no uso do concreto (pozolana). Essas inovações permitiram cobrir enormes espaços fechados sem a necessidade de suportes internos.
POZOLANA
Dentre estas novas tecnologias, temos que citar a pozolana, cimento natural de lavas vulcânicas com que os romanos faziam o seu concreto.
As termas, anfiteatros e templos, a arquitetura monumental romana, eram edificados com uma técnica mista, na qual conviviam a cerâmica, o concreto de pozolana e a pedra.
Para construção dos arcos utilizavam-se estruturas provisórias de madeira que se retiravam uma vez colocadas as aduelas, em forma de cunhas que os formavam.
A ordem coríntia passa a ser a preferida de Roma. Roma funde e assimila múltiplos elementos dos povos que conquista e incorpora na sua cultura (Etruscos e Gregos). Os conhecimentos etruscos sobre construção de estradas, pontes e túneis foram aperfeiçoados, assim como as suas capacidades na construção de Abóbadas.
Já os elementos da arquitetura grega decaíram definitivamente para uma posição de simples decoração. No que se refere a conceito de Arquitetura, os princípios de utilidade, racionalidade e ordem presidem a todas as construções romanas.
“Tratado de Architetura” escrito provavelmente no séc. I a.C.por aquele que foi o teórico máximo da arte romana: Marco Vitruvio Polion.
No urbanismo, os romanos também se basearam nestes povos mantendo o sistema reticular, regular das ruas etruscas e gregas, acrescentando os Eixos norte-sul (cardo) e leste-oeste (decumanos). Perto do cruzamento desses dois eixos principais localizava-se o Fórum, uma evolução da Ágora grega e centro da vida pública do país.
Esse espaço era fechado pelos romanos agrupando seus edifícios públicos tais como: a basílica, arcos do triunfo e templos.
O urbanismo revela-se também na construção de teatros, termas, estádios e vila e que com seus jardins, terraços, colunatas e pavilhões que davam ao setor privado uma importância determinante.
O forte crescimento populacional urbano tornou necessária a edificação de células habitacionais, surgindo assim a construção massificada.
A Arquitetura era para os romanos uma expressão de domínio. O poder mandava construir por todo lado, pelo exército, edifícios públicos para funções civis.
Com a expansão do império os romanos constroem estradas fazendo com que “todos os caminhos levem à Roma”. Constroem também aquedutos para trazerem água desde as nascentes distantes até a cidade.
PANTEÃO
Exemplo máximo da criatividade estrutural romana. Construído pelo Imperador Adriano, ainda está de pé por quase 1900 anos. Sua cúpula era a mais larga até o século 19.
Seu projeto mistura características gregas em sua fachada com pórtico, frontão e colunas coríntias e romanas em seu interior com a sua arrojada rotunda. A cúpula é feita com 5 mil toneladas de concreto e possui um óculo de 12 metros de diâmetro, sua única fonte natural de luz interior.
No decorrer do dia o raio do sol percorria seu interior iluminando nichos com diversos deuses romanos. Esta área é extremamente agradável devido à perfeita harmonia de suas proporções, onde a largura da cúpula de 43m é exatamente igual à sua altura. As cargas são distribuídas por um sistema de arcos e abóbadas de descarga ocultos na alvenaria.
FORO TRAJANO
Construído pelo Imperador de mesmo nome, possuía mais de 12 mil metros quadrados representando a força e magnificência de Roma.
Uma imensa colunata dava o tom da entrada, com seu arco central encimado por uma estátua do Imperador puxada por seis cavalos. Possuía ainda um pátio, uma imensa basílica e duas bibliotecas. Abrigava ainda a Coluna de Trajano.
O mesmo Imperador que criou o Panteão mandou construir um complexo de dimensões incalculáveis de luxo e criatividade.
Na Villa de Adriano havia jardins, pavilhões, palácios, teatros, templos e termas que se espalhavam por mais de 11 km. Uma inovação deste projeto desenvolvido pelo próprio Imperador foi a fusão da arquitetura com a paisagem, na qual a água corrente na forma de canais, piscinas, fontes e cachoeiras, era parte integrante do projeto dando vida a espaços inanimados com movimento e som.
AQUEDUTOS
No seu auge, quando a população romana era superior a 1 milhão de habitantes, a cidade consumia 200 milhões de galões de água por dia. Para atender às termas, fontes e espetáculos marítimos, construíram 11 aquedutos que traziam enormes volumes de água de nascentes longínquas.
Como as bombas eram primitivas, eles contavam com a força da gravidade para transportar água por distâncias de até 100 km. Aquedutos em arcos atravessavam vales e mantinham um nível de queda gradual contínua. O aqueduto de Segóvia, na Espanha, ainda se encarrega do suprimento de água da cidade.
COLISEU
Quando Roma tinha aproximadamente 1 milhão de habitantes, os Imperadores distraíam as multidões com diversão pública em larga escala. No Coliseu cabiam até 50 mil espectadores.
Data de inauguração: 80 d.C.
Características do espetáculo: Combate de gladiadores armados com escudo e elmo ou rede e tridente.
Num dia de espetáculo se a multidão mostrasse o polegar virado pra baixo, chegavam a morrer quarenta gladiadores. Os corpos eram levados para fora da arena presos por um gancho de metal. Espetáculos preliminares apresentavam execuções de criminosos, seguidos de lutas de homens contra animais ferozes. Cristãos e escravos desarmados eram devorados por leões para delírio da platéia.
O Coliseu ainda hoje inspira os projetos de estádios atuais.
POMPÉIA
Era originalmente uma cidade etrusca. Em 80 a.C. foi convertida por Sila em colônia romana. Em 79 a.C. foi destruída por uma erupção do Vesúvio, permanecendo sepultada até o século XVIII.
Pompéia era uma cidade luxuosa, com população de 25 mil habitantes. Após as escavações iniciadas em meados do séc.XIX, foram encontrados, além de objetos triviais como fatias de pão e nozes, residências inteiras com pinturas de naturezas mortas e paisagens realistas em todas as paredes.
Como as casas não tinham janelas, mas se abriam para um pátio interno os romanos antigos pintavam falsas janelas se abrindo para cenas requintadas. Os artistas dominavam técnicas de perspectiva e dos efeitos de luz e sombra, desconhecidos do mundo da arte.
Foram encontrados também mosaicos em paredes, tetos e pisos. Era comum ver-se o mosaico de um cachorro na entrada da casa com a Inscrição: Cave Canem (Cuidado com o cão).
ARQUITETURA PALEOCRISTÃ
A Arquitetura Paleocristã se desenvolveu no período de transição entre a Antiguidade Pagã e a Idade Média Cristã do século III ao século VII.
Suas construções não representam a dissolução da arte romana, mas a implantação de novos critérios que determinam um novo período histórico.
A arquitetura Paleocristã seleciona e toma do mundo romano, ocidental e oriental, vários elementos para criar uma nova linguagem que se adapte às exigências da crença cristã.
Por conta de um Cristianismo que se iniciava, suas primeiras construções possuíam um caráter relativamente pobre e de pequena dimensão. O objetivo maior é se conseguir o máximo de funcionalidade e economia, tanto quanto aos materiais como aos espaços.
A finalidade dos edifícios será determinante na definição de sua forma arquitetônica. As primeiras igrejas surgirão sobre lugares sagrados onde foram enterrados santos. Seu formato deriva de algumas construções existentes à época tais como os mausoléus dos imperadores que deram origem aos santuários de mártires, as termas que serviram de modelo aos batistérios e a Basílica de origem profana, que servia de mercado e sala do tribunal, que deu origem a Basílica cristã.
A basílica cristã recebe o acréscimo de uma nave transversal ou Transepto na extremidade do corpo longitudinal. Mais adiante no período românico se estabelecerá a planta em forma de cruz.
A basílica cristã é estruturada em três partes: parte pública (grande pátio), semi-pública (corpo da igreja) e privada (local onde se guardava o corpo ou lugar que justificava a construção da basílica nesse lugar), além de dependências anexas.
ARQUITETURA BIZANTINA
Enquanto no Ocidente as invasões bárbaras interromperam a continuidade da arte romana, no Oriente o Império Romano se mantém até1453 com sua capital em Bizâncio, depois Constantinopla.
A cultura bizantina se baseia na revitalização do mundo helenístico (Grécia) e das velhas culturas orientais, sendo um centro receptor das mais diversas tendências da arte romana e das várias escolas de arte paleocristã.
Conservadora e continuadora da Antiguidade foi ao mesmo tempo transmissora ao Ocidente de múltiplas criações próprias e da arte oriental.
Tem como características básicas o monumentalismo e grandiosidade das construções, a proporcionalidade dos critérios clássicos, o uso da cúpula e das estruturas totalmente abobadadas, o efeito do claro e escuro e sobretudo a utilização de decoração policromada para esconder as pobres estruturas de tijolos.
O modelo dos templos romanos de planta circular, sobretudo o panteão, foi aqui continuado e aperfeiçoado utilizando leveza e elegância no lugar de peso e volume.
Local: Constantinopla e norte da Itália.
Período: 330 – 1453 d.C.
Principal forma de construção: Igrejas.
Planta: Em cruz encimada por cúpulas.
Suporte: Pendentes e pilares.
Marca: Cúpula.
Decoração: Rica internamente, simples externamente; mosaicos.
Efeito: Misterioso.
Inspiração: Céu.
Objetivo: Provocar emoção, transportar.
SANTA SOFIA
O edifício proclama a glória de Deus. A atmosfera e a luz criam condições para se chegar ao conhecimento de Deus.
O friso de luzernas na parte inferior da cúpula faz parecer que flutua sobre o ambiente. Duas paredes perfuradas por vários vãos filtram a luz.
Um mosaico cintilante e colorido reveste as paredes internas como reflexo do amor divino. A Arquitetura encontra sua realização na possibilidade de tomar a religião numa representação simbólica.
Com a instituição da Fé Católica romana, uma onda de construções varreu a Europa feudal de 1050 a 1200.
O termo românico surge em virtude dos construtores empregarem em suas obras elementos da arquitetura romana como os arcos redondos e colunas.
Para substituição dos tetos em madeira comuns nas construções romanas e muito suscetíveis a incêndios, os artesãos medievais passaram a fazer os tetos das igrejas em abóbadas de pedra.
Com abóbadas cilíndricas ou de arestas apoiadas em colunas, havia a possibilidade de construir grandes espaços livres de colunas e obstáculos.
Sendo esta época muito comum às grandes peregrinações, a Arquitetura das igrejas precisa se adequar para receber as multidões, a planta passa a ser cruciforme, com uma longa nave atravessada por um transepto mais curto, simbolizando o corpo de Cristo. É a denominada “Cruz Latina”.
As arcadas permitiam aos peregrinos andar pelos corredores laterais sem prejudicarem os serviços religiosos na nave central. A parte atrás do altar chamado em francês de chevet (travesseiro) é constituída por capelas semicirculares onde se guardavam os relicários.
É importante constatar o desenvolvimento estrutural ocorrido neste período, a fim de se obter menor número de colunas e conseqüentemente maiores vãos livres.
O exterior das igrejas românicas é bastante despojado exceto pelos relevos esculturais em volta do portal principal.
Esses relevos ficavam concentrados no tímpano, que é o espaço semicircular entre o arco e o dintel da porta central.
Como a imensa maioria dos fiéis era analfabeta, esses relevos narravam passagens da Bíblia, contando histórias gravadas na pedra. Cenas da ascensão de Cristo, assim como sombrias narrativas sobre O Juízo Final, em que almas desesperadas e diabos horríveis, estrangulavam e cuspiam nos corpos nus dos condenados eram bastante comuns.
O termo gótico foi introduzido pela primeira vez no séc XVI pelo pintor, arquiteto e escritor italiano Vasari, referindo-se de modo depreciativo às construções do norte da Europa, dos visigodos, que eram considerados bárbaros.
Ainda por volta de 1800 o gótico era considerado como discrepante e de mau gosto.
O edifício considerado até hoje como a essência da arquitetura gótica é a catedral, que se constituía como símbolo do novo poder dos reis franceses, que se vai difundindo por toda a região.
A catedral além de legitimar o poder real, pois é ali que é celebrado o coroamento e o sepultamento do monarca, ela representa também o ideário de toda a sociedade além da visão política e ideológica da burguesia.
A catedral passa a representar o símbolo de sua crença, de sua cidade e de sua identidade, é compreendida por todas as camadas sociais, pois o seu simbolismo representado nos vitrais, são compreendidos por todos.
A igreja abacial de Saint-Denis, perto de Paris, é considerada como o edifício “fundador” do gótico.
O antigo côro estreito foi substituído por um espaço mais generoso, livre, movimentado, colorido e luminoso.
O desenvolvimento estrutural permite que as paredes recebam aberturas maiores e o peso da cobertura passa a ser sustentado por um sistema estrutural independente.
Apesar de todos os desenvolvimentos técnicos, o abade francês Abbot Sugger, responsável pelo projeto, não lhes atribuía um significado abstrato, mas tinha pensado mística e simbolicamente em cada pormenor.
As colunas representavam os apóstolos e os profetas, sustentáculos do cristianismo, e Jesus representava a força que une uma parede à outra.
Esta crença representou uma revolução arquitetônica, pois as novas técnicas possibilitaram uma imagem totalmente nova no interior das igrejas, proporcionando espaços bem mais amplos, altos e iluminados.
O interior era amplo e com poucas divisões, diferentemente do exterior fragmentado pelos elementos estruturais. Com o desenvolvimento estrutural, as paredes perderam esta finalidade, tornando possível a abertura de grandes janelas.
Devido à dificuldade na fabricação de vidros, os vãos eram fechados com inúmeros pequenos pedaços suportados por molduras de chumbo, conhecidos como vitrais.
Estes vidros eram pintados ou tingidos formando enormes painéis de Cores fortes e solenes, que davam ao local uma “aura divina”.
As principais formas de decoração inspiradora nas catedrais góticas são a escultura, os vitrais e as tapeçarias.
As imagens do umbral de Reims, esculpidas por volta de 1125/90, foram as primeiras, desde a antiguidade, a ganhar formas completas, de frente e de costas, se tornando quase destacadas das paredes, sobressaindo em colunas e pedestais.
Após as descobertas dos escritos de Aristóteles, o corpo deixou de ser desprezado, passando a ser visto como templo da alma, e os artistas voltaram a representar a carne com naturalidade.
O que tornou possível a Catedral gótica foram a abóbada com traves, conforme visto logo abaixo na catedral de Amiens, 1220/69, com altura de nave de 42,50m e os arcos botantes ou contrafortes conforme vemos na lateral da catedral de Notre Dame em Paris, 1163/82.
Com a invenção dos arcos botantes, em Notre Dame, as paredes passaram de 1,5 metros de espessura para 40 centímetros. A verticalidade caracteriza a arquitetura gótica e os arcos pontudos utilizados ajudam a dar a impressão de altura ainda maior.
Os arquitetos e as cidades competiam entre si para realizarem as mais altas naves. Quando a ambição superava a tecnologia e despencava, os fiéis fervorosamente a reconstruíam. Algumas catedrais levavam séculos para ficarem prontas, como a de Colônia (6 séculos).
ARQUITETURA RENASCENTISTA
A partir do momento em que o homem volta a ser o centro de tudo a Arquitetura vai também se adequar a essa nova realidade.
A partir de 1420 em Florença, na Itália, onde ricos comerciantes detinham o poder em detrimentos do clero, a arquitetura será elaborada de modo a representar toda essa opulência e poder (Quattrocento).
Baseados em critérios humanistas os arquitetos irão à busca de recuperar o esplendor da antiga Roma.
Os arquitetos renascentistas mais notáveis foram: Alberti, Brunelleschi, Bramante e Palladio.
Já no século XVI teremos Roma como centro dos acontecimentos da Alta Renascença (Cinquecento), havendo uma mudança de padrões quanto tamanho e grandiosidade dos monumentos.
Na busca de reencontrar o esplendor de Roma, os arquitetos demonstravam sua paixão pelos clássicos ao copiarem sistematicamente as ruínas romanas, inclusive tirando suas medidas na busca do estilo e proporções.
Nesse período retomam elementos como arco pleno, construção em concreto, domo redondo, pórtico, abóbada cilíndrica e colunas.
Escritor, pintor, escultor e arquiteto, Alberti (1404-1472) foi o maior teórico da Renascença e deixou tratados sobre vários campos artísticos sendo o de arquitetura seguido por vários contemporâneos principalmente no campo da estética.
Alberti escreveu também o primeiro manual sistematizado de perspectiva, oferecendo aos escultores as normas das proporções humanas ideais.
Fachada projetada como exercício de regularidade, com janelas em um único nível e separadas por pilares. Utilizou-se também de uma cornija clássica escondendo o telhado. As colunas (dórica, jônica, coríntia) só servem de enfeites tal como na antiga Roma.
Outro renascentista de múltiplos talentos foi Brunelleschi (1377-1446), que além de excelente ourives, escultor, matemático, relojoeiro e arquiteto, se tornou mais conhecido como o pai da engenharia moderna.
Ele não só descobriu a perspectiva matemática como lançou o projeto da igreja em plano central, que veio substituir a basílica medieval.
No projeto da Capela Pazzi, ele utilizou motivos clássicos na fachada, ilustrando a retomada de formas romanas e a ênfase renascentista na simetria e na regularidade.
Somente ele foi capaz de construir o domo da Catedral de Florença, chamada então de oitava maravilha do mundo.
Sua técnica consistiu em construir duas células, uma apoiando na outra, encimadas por uma clarabóia estabilizando o conjunto.
A cúpula da catedral de Florença teve seu tambor octogonal abobadado com um casco duplo. O casco interior, mais forte, suporta o exterior, mais leve. Ambos são construídos por fiadas completas de tijolos colocados como escamas de peixe e nervuras longitudinais, sem a tradicional armação de madeira.
A novidade era a criação de uma construção autoportante sem a necessidade de andaimes no solo para apoiar a cúpula durante a construção.
Em 1502, Bramante (1444-1514) construiu o tempietto (Pequeno Templo) em Roma, no local onde São Pedro foi crucificado. Embora pequeno, é o protótipo perfeito da igreja com plano central encimada por domo, expressando os ideais renascentistas de ordem, simplicidade e proporções harmoniosas.
Famoso por suas vilas e seus palácios, Palladio (1508-1580) teve enorme Influência sobre os séculos posteriores através do seu tratado Quatro Livros de Arquitetura.
A Villa Rotonda incorporou detalhes gregos e romanos, como pórticos, colunas jônicas, domo plano, e aposentos dispostos simetricamente em torno de uma rotunda central.
ARQUITETURA BARROCA
O período de transição entre o Renascimento e o Barroco se faz de maneira quase imperceptível. Será preciso perceber a partir de quando o excesso decorativo, o movimento, a modelação pictórica dos espaços interiores e a estruturação dos edifícios foram levadas ao extremo.
O fato de a primeira igreja considerada de estilo Barroco ter sido projetada ainda em meados do século XVI dá bem a dimensão do caráter dessa transição, mostrando que esse estilo deriva diretamente do Renascimento tardio.
O arquiteto Giacomo da Vignola desenvolveu com a igreja jesuíta “Il Gesù”, em Roma (1568-1575), de nave única com colunas adossadas à parede, um modelo que se tornou paradigmático para a construção das igrejas católicas: um corpo com nave longitudinal coberto por abóbodas de berço que termina num espaço central, “o cruzeiro”, coroado por uma cúpula de tambor. As naves laterais foram reduzidas a capelas separadas umas das outras e por vezes da própria nave central.
A planta da Igreja Il Gesù fez Escola na arquitetura sacra pelos dois séculos seguintes.
O edifício de planta centrada e de nave longitudinal num único corpo arquitetônico. O transepto e as capelas da nave central são comprimidos e todas as energias se congregam para o alto, em direção à cúpula sobre o cruzeiro.
Contudo as abóbadas ainda não se interpenetram, nem as paredes apresentam as ondulações côncavas e convexas, que definem o gesto movimentado do auge do Barroco.
Durante o Renascimento grande parte do poder da Igreja Católica de Roma tinha se perdido e com isso veio a perda do monopólio de sua posição normativa no desenvolvimento da arte e da Arquitetura.
Contra essa tendência foram tomadas medidas cada vez mais severas, já que grande parte da Europa havia se convertido ao Protestantismo. Assim, em 1545 inicia-se a Contra-Reforma com o Concílio de Trento, que instituiu reformas à Igreja Católica e uma luta tenaz contra os protestantes.
A Arquitetura Barroca veio representar a grandeza e a suntuosidade apropriadas a autoridade da Igreja.
Os meios utilizados eram a encenação do poder, o estímulo dos sentidos do observador e a sua subjugação e desorientação pelo esplendor. Tal como aconteceu com outros estilos, o termo barroco foi inicialmente utilizado de modo pejorativo para uma forma considerada estranha e de mau gosto, já que a palavra portuguesa “barroco” designa uma pérola com formação irregular.
Na segunda metade do séc. XVIII este termo era utilizado para insultar a Arquitetura de Borromini e de Guarini, que se considerava um desvio das regras arquitetônicas clássicas.
A fantasia da maior parte dos arquitetos barrocos era realmente transbordante: os contornos definidos eram rebatidos, as paredes eram subdivididas tanto quanto possível, decoradas e desenhadas com formas ondulantes e movimentadas.
As mais variadas partes das fachadas eram modeladas de forma côncava ou convexa, as janelas e as portas eram coroadas com frontões triangulares ou curvos, muito trabalhados e freqüentemente segmentados, contra curvados, dobrados, quebrados ou fundidos uns nos outros.
Os entablamentos dos quais os do telhado, era frequentemente penetrado pela coroação das janelas, eram fortemente escalonados, tendo outras decorações típicas como vasos, urnas, volutas com formas de “S”, janela “tipo olho de boi” etc...
Assim como na antiguidade clássica, os capitéis serão utilizados como também muitas colunas sem função estrutural. Servindo apenas como ornamento.
A modelação barroca compunha-se de múltiplos elementos, no entanto seu efeito de conjunto era sempre monumental. A forma elíptica era muito utilizada com a intenção de contrariar o círculo renascentista.
Com a intencionalidade da ilusão, perturbação e encenação, o arquiteto barroco vai utilizar a cúpula das igrejas não mais ao modo renascentista, em repouso, como centro, mas sim como um alvo de movimento e encanto.
Se o efeito exterior das cúpulas dava às igrejas a magnificência e monumentalidade pretendidas, no interior serviam como símbolos do céu.
Com o auxílio de uma perspectiva engenhosa provocava-se um abobadamento ilusório do teto plano e tornavam-se as abóbadas e cúpulas mais altas do que eram na realidade.
O espaço era ampliado ao infinito, sem que, contudo, a zona superior dos espaços se perdesse numa escuridão incerta como no gótico.
O ilusionismo do barroco não utilizava apenas a pintura como instrumento, usavam também a arquitetura e escultura a fim de prolongar elementos construtivos e decorativos de modo imperceptível, através de pintura ao longo de superfícies lisas ou integrava esculturas em pinturas murais.
Simultaneamente, as fachadas eram modeladas de modo extremamente plástico tornando os arquitetos em escultores na maioria das vezes.
ARQUITETURA NEOCLÁSSICA
Juntamente ao
desgaste natural ocorrido ao Barroco com o passar dos anos, veio se juntar o
conhecimento direto das características gregas através das escavações
realizadas em Herculano e Pompéia.
Isto levou
novamente os artistas, a buscarem outra vez nos motivos greco-romanos a sua
inspiração. Os elementos plásticos e estruturais das ordens gregas iam de novo
perder suas funções lógicas, para passarem à categoria de ornamentos nas mãos
dos arquitetos.
Além disso os
regimes liberais tentavam se impor perante os absolutos e para isso contavam
com seus filósofos iluministas. Para estes não se pretendia libertar apenas o
pensamento, mas todo um modo de vida, orientando-se exclusivamente pela razão.
Deste modo a
Arquitetura já não devia servir a religião mas sim ao Homem, motivando-o a uma
ação conduzida pela razão e pela moral. Existia a convicção de que era possível
influenciar positivamente o espírito dos homens com o auxílio do ambiente
arquitetônico. O lema passava a ser: “Tranquilidade, austeridade e
magnificiência”.
Sainte Genevieve Library
As mudanças
políticas do período (1750-1840) vão se utilizar das características intrínsecas
do neo-clássico para se engrandecerem perante a população. A imponência, o
equilíbrio e a austeridade do estilo serviriam como exemplo dos novos regimes
políticos implantados em antigas monarquias absolutas.
Era
importante aliar a grandeza do Império Romano e da antiga Grécia aos novos
modelos liberais e republicanos. Deste modo vários governos irão financiar
grandes construções tornando o classicismo um modelo de arquitetura estatal.
Países como a
Inglaterra industrializada,França revolucionária, Estados Unidos independente,
irão se apropriar destas qualidades a fim de darem uma imagem de maior solidez
aos novos sistemas de governo implantados.
Como
características estéticas e formais principais do estilo podemos destacar:
clareza e depuração das fachadas exteriores e das plantas, dominância das
linhas e dos ângulos retos, elementos sobrepostos e dispostos lado a lado de
modo rígido, tranqüilidade, austeridade, nobreza.
Adam foi o
primeiro arquiteto a se preocupar em desenhar todos os elementos de seu
projeto, dos carpetes às fechaduras, num estilo abrangente.
ARQUITETURA ECLÉTICA
A partir de
1840 começa a se desenvolver pela Europa, inicialmente na Inglaterra, um
abandono claro do classicismo puro por uma arquitetura que revivesse alguns
estilos passados.
Durante a
construção do novo edifício para o parlamento inglês, foi aplicada, assim como
no gótico, uma decoração em forma de grade reticulada sobre a fachada do corpo
em forma de caixa. Contudo elementos horizontais percorrem toda a fachada
contrariando a tendência gótica à verticalidade. Foram aplicados ainda
elementos decorativos pequenos e esquemáticos condicionados pelas dimensões da
obra.
As formas
decorativas foram aplicadas de forma sempre igual às paredes do edifício até
cobri-lo completamente. Assim as características do Ecletismo encontram-se
reunidas: um estilo do passado, com sua evolução já encerrada é utilizado para
desenvolver programas arquitetônicos totalmente novos. A combinação, por vezes
aleatória, de elementos de diversas épocas fazia às vezes o resultado parecer
falso e caótico.
ARQUITETURA DO FERRO
A tendência
do Ecletismo e do Historicismo tinha conduzido a arquitetura a um caminho que mascarava certas questões sobre o
desenvolvimento tecnológico alcançado na época e que viria acarretar uma revolução
nos processos construtivos.
Por volta de 1750 a produção de ferro em
bruto tornara-se mais barata, tornando possível a construção de pontes e
máquinas a vapor. No entanto, foi necessário mais de meio século até que Joseph
Paxton mandasse erigir em Chatsworth uma estufa com 100m de comprimento, 38m de
largura e 20m de altura, em vidro e colunas de ferro fundido que conduziam em
seu interior as águas da chuva.
Mais tarde
Paxton aperfeiçoou este princípio no Palácio de Cristal construído para a
Primeira Exposição Mundial no Hyde Park, Londres. O edifício possuía 600m de
comprimento, 120m de largura e quase 34m de altura e era separado do exterior
apenas por uma superfície de vidro e ferro.
Palácio de Cristal - interior
O Palácio de
Cristal foi todo montado com elementos pré-fabricados, sendo por isso a
primeira construção racionalizada da história.
As exposições
Mundiais se tornaram durante a segunda metade do século XIX, as exibições
públicas das capacidades do progresso técnico e científico cada vez mais
impressionantes.
Para a
exposição Mundial de Paris, em 1889, o engenheiro Gustavo Eiffel construiu uma
torre com uma altura inimaginável para a época: 300m de altura, permanecendo
como a maior construção já feita pelos 40 anos seguintes.
A ela veio
juntar-se um edifício equivalente em expansão e não menos assombroso: a Galeria
das Máquinas, com um comprimento de 422m e um vão coberto de 114m e altura de
47m.
Se comparados
à grandes alturas e vãos do período gótico, os maiores até então, percebe-se a
enorme diferença: Maior altura em uma torre de Igreja gótica, 70m interrompida
por dificuldades técnicas. Maior vão, na Catedral de Amiens, 145m de
comprimento.
Apesar disso,
as construções de ferro não eram consideradas obras de Arquitetura , mas sim
“construções utilitárias”. O ferro e o aço eram considerados materias “falsos”,
com os quais não era possível qualquer modulação artística, não podendo assim
ficar à vista.
A Torre
Eiffel foi considerada “a vergonha de Paris” e estava destinada a ser demolida
após a Exposição Mundial.
Estação Saint-Pancras - fachada frontal
A Arquitetura
estava de certo modo reduzida à arquitetura de fachadas como, por exemplo, o
caso da estação londrina de Saint-Pancras, que possuía como fachada um
pseudo-palácio neogótico por detrás do qual se escondia a estação ferroviária
com seu enorme pé direito em função da fumaça desprendida pelos trens à vapor.
Com a
utilização do ferro na construção foi introduzida a maior revolução técnica da
história da arquitetura: a construção maciça foi substituída por uma construção
estrutural, que permitia a execução de edificações, praticamente de qualquer
dimensão, tanto em altura como em área, com elementos pré-fabricados e em tempo
recorde.
James Watt, o
mesmo da máquina à vapor, construiu em 1801 o primeiro edifício de sete andares
com uma estrutura em ferro fundido, criando o modelo de fábricas e armazéns do
século XIX.
Apesar do
sucesso, o ferro ainda era considerado um material menor, sendo constantemente
“escondido” dentro de paredes exteriores maciças. Ainda assim, Henri Labrouste
teve o mérito de deixar sem revestimento os suportes no espaço interior e de
ter realizado a cobertura abobadada da Biblioteca Nacional, com uma malha de
ferro revestida a gesso como se fôsse concreto armado.
ESCOLA DE CHICAGO
O ferro
permitiu o desenvolvimento de uma arquitetura comercial exigida pelo
crescimento industrial dos Estados Unidos nas últimas décadas do século XIX. Permitiu
o surgimento dos “arranha-céus”, construção que se converterá durante muitos
anos no mais característico da fisionomia urbana americana.
O local onde pela
primeira vez aparece a estrutura que permite erguer edifícios de grande altura
de tipo comercial é Chicago, possibilitando o surgimento do que se chama na
história da arquitetura a “Escola de Chicago”.
Aí irão se
notabilizar vários arquitetos e engenheiros entre eles, Henry Robson Richardson
e Louis Sullivan, os dois maiores arquitetos do final do século na América.
A crescente
necessidade de uma arquitetura comercial fez com que cada vez mais fossem
erguidos edifícios de maior altura, dado que logo após construídos, eram
imediatamente ocupados.
A estrutura
de ferro com sua praticidade e agilidade de execução se tornou o caminho
natural daquelas construções. Mas ainda seriam “escondidas” em grossas paredes
que se afinavam conforme ganhavam altitude.
“O
arranha-céus não é uma sinfonia de linhas e massas, de superfícies e aberturas,
de força e resistência. Representa muito mais uma operação aritmética, uma
multiplicação”
(Emilio
Cecchi.)
PRIMEIRA METADE DO SÉCULO XX
A
industrialização trouxe grandes alterações na sociedade moderna. Grande parte
da população dos países industrializados migrou do campo para as cidades.
Com o aumento
populacional as condições de moradia e salubridade pioraram consideravelmente. Por
conta da falta de privacidade e arejamento das construções, “doenças da
pobreza” como o raquitismo ou a tuberculose encontravam-se na ordem do dia.
No princípio
do século XX a reação a esta situação foi o incitamento a um “regresso à
natureza”. A reforma do modo de vida tornou-se um tema extremamente debatido, os
arquitetos passam a procurar uma saída para a paralisia do Historicismo que não
atende mais às necessidades da modernidade.
Na Alemanha o
novo estilo baseado em formas vegetais e linhas fluidas foi chamado de
“Jugendstil” por conta da revista “Jugend” (Juventude), que relacionava seu
nome à novidade de pensamento.
Na Áustria
falava-se de “Sezessionsstil”(Secessão) por conta da separação da concepção da
arte e da linguagem formal então dominantes.
Na Itália
chamaram de “Stile Liberty” segundo o nome do armazém londrino que, através da
exportação de seus tecidos, funcionou como divulgador do novo estilo.
Na Inglaterra
surge o “Modern Style”, na Bélgica e na França a “Art Noveau”, todos marcados
pela maestria artesanal e dependência da personalidade do respectivo artista.
A sua relação
com o puramente decorativo faz com que o novo estilo lembre o Historicismo, no
entanto transporta em si a vontade da procura de novas formas mais adequadas
aos respectivos materiais e funções.
Casa Bloemenwert - Henry Van de Velde
Em 1895,
Henry van de Velde projeta uma casa em Uccle, chamada Bloemenwert, para a qual
desenha móveis, tapetes, cortinas, candelabros etc..., dando motivo a que um
comerciante de arte lhe encomendasse a decoração de uma loja que batizou com o
nome de “L’Art Noveau”, batizando sem querer todo o movimento.
Victor Horta
é, sem dúvida, o arquiteto mais representativo da Art Noveau. Foi o primeiro
que reparou nas possibilidades decorativas do ferro, fazendo com que os
próprios elementos estruturais se curvassem como se fossem talos vegetais.
A Inglaterra
teve uma profunda participação no movimento renovador que se produziu neste
período. Os nomes de Jonh Ruskin e William Morris e o Arts and Crafts Movement
foram decisivos.
Na Áustria,
três importantes figuras marcam o inquieto movimento austríaco à procura de uma
expressão arquitetônica de acordo com as novidades do final do século XIX: Otto
Wagner, Olbrich e Hoffmann.
Secessão - Viena - 1898
Em 1897,
Olbrich junta-se a Hoffmann e ao pintor Gustav Klimt e fundam o movimento
chamado “Secessão de Viena”, clube de inconformistas que se reuniam para
discutir as novas tendências e expor obras de jovens artistas vanguardistas.
Olbrich
construiu o edifício da Secessão em Viena no ano de 1898, que pode
considerar-se o manifesto arquitetônico do Modernismo vienense.
Ao lado de
todos esses movimentos temos o arquiteto catalão Antoni Gaudí e Cornet que por
sua originalidade e criatividade se tornou o mais genial de todo o movimento
modernista.
Ao mesmo
tempo sua mensagem excede o que podemos considerar Modernismo estando às vezes
aquém e às vezes além disso.
RACIONALISMO, FUNCIONALISMO, MAQUINISMO
A linguagem
formal da Arte Nova acabou por estagnar se tornando em pouco tempo um simples
jogo decorativo. Já antes da Primeira Guerra Mundial o estilo era motivo de
críticas.
Adolf Loos,
austríaco, precursor do Movimento Moderno, dizia em um de seus artigos que o
ornamento era no geral um crime, pois tornava os produtos mais caros
impossibilitando sua compra pelos mais pobres.
Como prova de
que sua teoria podia ser posta em prática ele projeta e constrói em Viena
aquele que viria a ser o protótipo dessa nova idéia: O Edifício de Habitação e
Comércio Goldman & Salatsch. Apenas com suas fachadas isentas de ornamentos
e suas formas simples este prédio se tornava uma verdadeira provocação para os
parâmetros da época, carregados de ornamentos e espaços subdivididos.
Estava-se diante
de uma nova mentalidade construtiva tida muitas vezes como funcional ou
funcionalista, ou ainda de racional ou racionalista. Estes vocábulos foram
utilizados para promover uma nova metodologia para pôr em marcha uma
Arquitetura que tinha que limitar-se a cumprir uma função, sem pensar em nenhum
outro propósito tradicional ou estético.
MACKHINTOSH - A ARQUITETURA ESQUADRADA
Outro
inovador que tornou possível o projeto moderno foi o escocês Charles Rennie
mackintosh. Individualista fanático como Gaudí declarava seu credo de não
ortodoxia: “Vá sozinho, rasteje, tropece, vacila, mas vá sozinho”.
Assim, ele
inventa a sua própria arquitetura como uma fusão de estilos, com curvas de art
nouveau moldadas em uma grade retilínea semelhantes às residências dos barões
escoceses. Suas construções combinam motivos florais com entrelaçamentos
angulares de pedra e madeira.
EXPRESSIONISMO - O CULTO DA PERSONALIDADE
Por volta da
1ª Guerra Mundial, alguns arquitetos alemães e italianos tentaram lançar um
novo estilo de arquitetura definido por efeitos esculturais arrojados.
Construções
de formas extravagantes foram consideradas simbólicas e de valor popular ou
expressivas da visão artística de um projetista.
PROPOSTAS DA ARQUITETURA MODERNA - BAUHAUS
Com o passar do
século XX a Arquitetura marcha decididamente para a desornamentação e ruptura
com um passado acadêmico, com seus símbolos e linguagem.
Ao considerar
que a forma era resultante direta da função faz surgir a tendência chamada de
Funcionalismo. Um dos grandes mestres desta nova etapa foi Walter Gropius que
irá em busca de um novo pragmatismo, com a ajuda da técnica e de suas enormes
possibilidades em direção à uma Arquitetura com maior conteúdo social com a
qual pretende resolver muitos dos problemas trazidos pela sociedade industrial.
Com estes
princípios fundou-se em Weimar, Alemanha, o Staatliches Bauhaus, escola de
Arquitetura e artes aplicadas, que faria uma verdadeira revolução, promovendo
as bases desse racionalismo ou funcionalismo na Arquitetura Moderna. (Casa de
Obras).
Como
princípio a Bauhaus tratava de libertar a arte de toda ideologia, de toda
mitificação e de vinculá-la à técnica e as férreas leis econômicas de produção.
Em suma, unir a Arquitetura à Industria, cuja exaltação está sempre na boca de
Gropius.
A Bauhaus foi
criada por Gropius em 1919 e teve como seus primeiros professores pintores
revolucionários como:Albers, Kandinsky e Klee, reconhecendo deste modo o papel
desempenhado pela pintura na renovação da forma.
BAUHAUS - classe de desenho
O curso de
arquitetura só começou em 1927, tendo como responsável Hannes Meyer e a partir
de 1930, Mies van der Rohe. Fechada em 1933 pelo Nazismo, ainda assim a Bauhaus
manteve-se vigente por muitos anos.
Outro
importante arquiteto que se integrou à Bauhaus foi Le Corbusier, suíço, que em
seus primeiros anos de atividade criou um novo vocábulo para a Arquitetura: O
maquinismo, que veio se somar ao racionalismo e funcionalismo e tinha como
lema: “A casa é uma máquina para viver”.
BAUHAUS - ateliê de arquitetura
Mais tarde
abandona e condena estas mesmas idéias. Mas quem iria mesmo superar de vez estas
idéias seria o arquiteto americano Frank Lloyd Wright, formado não em Bauhaus,
mas na escola de Louis Sullivan.
Frank Lloyd
Wright não rejeitava simplesmente os fundamentos do racionalismo ou maquinismo,
apenas sentia-se mais ligado aos fenômenos naturais e aos valores fundamentais
da terra e da matéria.
ESTILO INTERNACIONAL - A ARTE DA SUBTRAÇÃO
A filosofia
original da Bauhaus tinha como base a libertação do ser humano do sistema de
classes através de um ambiente tecnológico.
Quando ela
chegou aos EUA, em 1930, foi rapidamente transformada naquilo que viria ser
considerado o estilo internacional. Manteve as características estéticas mas
passou a ser executada não para os trabalhadores, mas sim para os ricos.
A Casa
Schröder, de Gerrit Rietveld (1924), é um exemplo puro do estilo.
Os arquitetos
eliminaram molduras, Nichos e enfeites para obter uma Superfície completamente
lisa e pura.
Cinco principais conceitos estéticos
defendidos por Le Corbusier
1º. A casa
sobre pilotis para que o chão fique livre como um jardim.
2°. O
teto-jardim para que, em lugar de telhados inclinados, os terraços sejam outros
jardins a mais.
3°. O plano
livre, não rigidamente distribuído por paredes fixas.
4º. A janela
contínua, desenvolvida em horizontal.
5º. A fachada
livre independente da estrutura portante, é o que permite, precisamente, a
janela contínua.
Alvar Aalto - Tentando humanizar a era das
máquinas
O finlandês
foi um modernista moderado que humanizou a estética da máquina.
Ele combinou
a geometria do estilo internacional com a cor local de onde projetava. Misturou
ingredientes tecnológicos, inorgânicos, com elementos orgânicos. fundiu a tecnologia com a tradição e a
habilidade, indo além do high-tech e chegando ao high-touch, ou seja ao “toque
de classe”. Como exemplo a Villa Mairea, Finlândia, 1938-39
O BRUTALISMO
Esteve na
moda durante os anos 60 e 70 do século passado.
Sua
característica principal é um exterior de concreto aparente bruto que mostra a
marca texturizada da forma de concreto na superfície.
É uma
aparência grosseira, agressiva com superfícies marcadas e desgastada como a
sociedade da época. Deste modo a construção tem atitude, fazendo a “forma
derrotar a função”.
SEGUNDA METADE DO SÉCULO XX
Com o final da
Segunda Guerra Mundial tinha chegado a hora da Arquitetura moderna. Muitos de
seus representantes, na Europa , devido à perseguições políticas encontraram
refúgio na América, poupada das devastações e com todo um “futuro brilhante
pela frente”.
Por outro
lado na URSS de Stalin, a nova arquitetura era tida como demasiadamente
formalista, cosmopolita ou estrangeira, sendo impedido o seu desenvolvimento,
optando-se então por uma arquitetura semelhante a do neo-classicismo pesadão
idealizado pela Alemanha nazista.
No Ocidente
qualquer alusão a este tipo de arquitetura era considerada ultrapassada e
ligada às ideologias totalitárias. Assim as grandes obras públicas ou privadas
passaram a ser desenvolvidas segundo os novos conceitos da Arquitetura Moderna,
onde o racionalismo com suas formas e cores mínimas, e sua leveza,
transparência, dinamismo e assimetria se tornaram os símbolos do progresso, da
liberdade e da democracia.
O último
diretor da Bauhaus Mies van der Rohe, alemão emigrado para a América, passa a ser
modelo de estética para a nova arquitetura.
Passa a ser
modelo o arranha-céu revestido com lâmina de vidro, também conhecida como
“curtain wall” (parede cortina), composta por jánelas totalmente idênticas, com
altura do pé-direito do andar. Perfis metálicos industrializados das esquadrias
fazem parte da estética do edifício que tira partido das características
naturais dos materiais utilizados na construção. No piso térreo, os pilares se
encontram livres realçando a capacidade de suportar grandes massas com poucos
pilares.
Segundo uma
de suas teorias “Less is more” (menos é mais), só são destacadas linhas retas e
perpendiculares, sem ornamentação ou cor alguma a não ser a cor natural do
material aplicado.
Deste modo
Mies libertou a forma pura e eliminou qualquer decoração “desnecessária” a uma
construção racional.
A estrutura
da fachada é definida apenas pela função e construção totalmente racional, onde
a retícula corresponde ao esqueleto de suporte ou à montagem das janelas
restando apenas a decoração interna, a cargo dos ocupantes, para dar movimento
e diversidade à fachada, se for o caso. O Edifício Seagram, em Nova York , se torna o
primeiro modelo desta Arquitetura de caráter comercial.
A partir de
então, o estilo idealizado por van der Rohe, passa a ser referência no mundo
inteiro, surgindo por todos os lados construções onde quase só se viam linhas
retas e perpendiculares, fachadas dissolvidas de cima a baixo em vidro e cuja
decoração, tanto interior como exterior, se contentava com o efeito dos materiais
utilizados em seu estado natural.
O efeito do
material e a “desmaterialização” eram as exigências dessa época: Os edifícios
assentavam-se em pilotis, proporcionando espaços livres horizontais ou então
estes espaços eram dispostos no meio das construções, sob a forma de “andares
de ar”.
As escadas
eram desenhadas com a forma de pilares de aço ou concreto armado com os degraus
engastados em balanço. As janelas tinham caixilhos extremamente finos, que
podiam ser abertas na vertical ou horizontal em torno do próprio eixo
(básculas).
As portas
eram chapas em vidro, sem caixilhos com as ferragens à mostra, tornando tudo
“leve, transparente e natural”. Contudo se mal utilizado, o estilo também
trazia problemas: devido a sua simplicidade serviu para construção de “caixas
sem ornamentos”.
Os pioneiros
da arquitetura moderna tinham sonhado com as casas que funcionassem como
máquinas e que também fossem produzidas por elas. Só que quando isso se tornou
verdade, o resultado foi de uma monotonia sem limites e a produção e modelação
dos componentes de qualidade extremamente baixas.
Este fracasso
da crença eufórica no futuro e no progresso, da confiança na onipotência humana
e na sua ação benéfica, começou lentamente a ser reconhecido, sobretudo no
Ocidente, por volta de 1970.
A convicção
dos arquitetos modernos de que uma nova cidade, planejada em todos os detalhes,
com perspectiva dos automóveis, com grandes eixos viários e parques de
estacionamento, estruturada nas suas funções, desobstruída e cheia de espaços
verdes, começava a mostrar alguns resultados inesperados.
Estas cidades
planejadas que deveriam ser melhores do que as antigas, com crescimento
aleatório, caóticas e compactadas, se tornaram desagregadas, onde habitava uma
zona, trabalhava em outra e se divertia em uma terceira, ocasionando uma
desertificação temporária de quarteirões inteiros.
A construção
rápida, barata e descuidada das novas habitações, conduziu, rapidamente, aos
primeiros estragos nos edifícios. As partes de uso comum das casas, como
escadas, elevadores e entradas, foram descuidadas e sofreram rapidamente um
grande desgaste devido ao elevado número de moradores.
A reação
contra a crença num racionalismo técnico radical não se fez esperar. Começou-se
a falar na inospitalidade das cidades e a reagir contra os planos de demolição
de edifícios antigos e de construção de estradas. Pouco depois, a crise do
petróleo veio tirar a base econômica ao consumismo desenfreado.
Ao fim de
duzentos anos, a euforia provocada pela crença baseada nos ideais do Iluminismo,
nas vantagens do progresso técnico e na ação dos homens tinha chegado ao fim. Quando
no verão de 1972 a
urbanização construída 20 anos antes, por Minosu Yamasaki, em St Louis , foi implodida
por suas casas serem consideradas impossíveis de alugar e higienizar, muitos
consideraram o fim da Arquitetura Moderna.
ARQUITETURA ESCULTÓRICA
Devido as
experiências e ensinamentos retirados da arquitetura baseada na razão das
linhas e ângulos retos, as formas orgânicas, vibrantes e assimétricas, passam a
simbolizar um desenvolvimento livre, buscado agora pela arquitetura do
pós-guerra.
Essa
tendência, também conhecida por “arquitetura orgânica”, retornava ao princípio
de que o edifício deveria ser capaz de ser assimilado pelas pessoas, deixando
de ser tratado de forma autônoma, buscando uma harmonização entre a paisagem e
a arquitetura.
Outro fator
determinante para o que iria ocorrer com a arquitetura daqui pra frente foi a
invenção do concreto armado. Este material por sua resistência e plasticidade
permitirá aos arquitetos tratar suas obras como verdadeiras esculturas.
Como exemplo
podemos citar o de Félix Candela, arquiteto mexicano, e seu projeto de um
restaurante na Cidade do México, onde empregou uma cobertura finíssima e que
ondula fortemente, numa linha initerrupta apesar de seus apoios serem
minúsculos. Outro caso é a capela de Notre-Dame-du-Haut, na forma da Arca de
Noé, de Le Corbusier.
ARQUITETURA CONTEMPORÂNEA - O PLURALISMO SUBSTITUI O PURISMO
A arquitetura
moderna não envelheceu bem. Com o passar do tempo o seu dinamismo se
transformou em conformismo e sujeição ao capitalismo corporativo.
O livro de
Robert Venturi, Complexidade e contradição em arquitetura, 1966, deixava claro
que a arquitetura é tanto evolucionária quanto revolucionária. Desafiava os
profissionais a criarem construções que refletissem estilos históricos e locais
e não apenas fachadas anônimas e austeras que desprezavam o passado.
Durante as
décadas de 1970 e 80, as construções chamadas de Pós-modernistas foram
decoradas não apenas com cor, mas também com elementos clássicos. Agora era
possível acrescentar livremente elementos de todos os períodos históricos de
acordo com a percepção do artista.
“Os
arquitetos pós-modernos usam elementos do passado de acordo com
a sua
vontade, transformados, distorcidos, com ambigüidade e ironia”.
A natureza da
arquitetura é aquela que muda. Ao projetar uma construção, deve-se considerar
que ela mudará o seu entorno.
HIGH-TECH - ARQUITETURA ÀS AVESSAS
Invertendo o
conceito modernista no qual “a forma segue a função”, alguns arquitetos passam
a exibir tecnologia como decoração.
Desde a
década de 1960, a
escola high-tech inicialmente no Reino Unido, abraçava o conceito do
edifício como obra de arte onde a essência do estilo é a exibição aberta das
vísceras mecânicas para efeito estético.
Centro Georges Pompidou - Paris - 1977
O primeiro
exemplo é o Centre Geoges Pompidou (1971-77), onde para se criar espaços amplos
e adaptáveis no interior, se colocou toda a “infra-estrutura” do prédio em seu
lado externo. Escadas e elevadores estão indicados em vermelho, o ar
condicionado e os dutos em azul, os canos d’água em verde e os eletrodutos em
amarelo. Tudo à vista dos visitantes.
NEOMODERNISTAS - MANTENDO A FÉ
Depois de
anunciada a morte do Modernismo, alguns de seus defensores tentaram manter viva
a abstração geométrica.
Arquitetos
como Richard Meier, Charles Gwathmey, I.M.Pei, Tadao Ando e Arata Isozaki
continuam a usar as superfícies lisas do estilo internacional, destacando o
espaço e a forma pura.
Com o
decorrer dos anos 70 e 80, foi-se formando um consenso de que o Modernismo
inspirado na Bauhaus era “morte polida”. Os críticos denunciavam o excesso de
anonimato e ansiavam por paixão e personalidade.
O Modernismo
parecia um beco sem saída, e o Pós-Modernismo surgia como alternativa. Em lugar
das formas quadradas e anti-sépticas, a nova arquitetura usava contornos
complexos, curvilíneos.
O Pós-Moderno
ressuscitou a cor, o ornamento e os toques históricos como o domo, o arco e a
abóbada.
Enquanto um
determinado estilo não se consolida, os arquitetos atuais experimentam novas
formas que têm em comum apenas a pluralidade. Dentro dessa pluralidade
desenvolveu-se uma idéia da casa como obra de arte técnica organizada.
A chamada
arquitetura “high-tech” tem suas origens no Palácio de Cristal de Joseph
Paxton, de 1851, e em outras obras de ferro do século XIX. Dessa tendência
permaneceu após a Guerra a simplificação das paredes exteriores com o uso de
vidro e de construções em tenda.
Seguindo um
outro caminho, arquitetos pós-modernos procedem com a arquitetura moderna da
mesma forma esquemática que o modernismo, que repudiara em bloco os seus
antecessores. Eles substituíram novamente a assimetria equilibrada por uma
simetria clássica, paredes simplificadas pelas tradicionais “fachadas de
aberturas” com as janelas menores e com o uso de ornamentos sobrepostos.
O lema “less
is more” de van der Rohe deixara de ser válido. Agora, segundo Venturi, “less
is a bore” (menos é chatisse, monótono). Para ele “a Rua Principal(Main Street)
tem sempre razão”.
A arquitetura
deveria respeitar os estilos históricos e suas construções e não sair demolindo
tudo que não esteja nos cânones do modernismo. Mais uma vez uma idéia que faz
sentido se torna na prática um desvio de rota, quando a modelação a decoração e
o jogo de citações de edifícios históricos, tornaram-se cada vez mais aleatórios
e sem sintonia com o espaço interno das edificações.
Um exemplo
dessa indefinição de estilos pode ser percebida no Centro Bridgeport de Richard
Meier, no qual ele projeta vários edifícios em simultâneo, organizados sem nexo
aparente, sem definição exata do que pretendia.
Outro exemplo
que podemos citar, agora quanto ao uso da cor é o do Arquiteto Michael Graves.
Para ele a cor é o componente central da obra. Em vez de colocar a cor na
função, como no Beaubourg, ele a ajusta segundo a natureza: terra, folhagem e
céu.
Graves usa a
cor representativa, revestindo a base da construção em tons de terra, como
terracota e verde-escuro, e graduando até o azul na parte mais alta da
construção. Mais recentemente, ele pontua suas fachadas multicoloridas com detalhes
da arquitetura clássica, da egípcia e do próprio modernismo.
Já um outro
arquiteto Aldo Rossi, inspirou-se no racionalismo italiano dos anos trinta, com
sua simetria e a sequência interminável de elementos iguais, desembocando num
tipo de neo-classicismo que, contudo também é devedor do pensamento
pós-moderno.
Apesar do
Pós-Modernismo procurar refúgio no familiar, no antigo e no romântico, ele se
utilizou de diversos elementos do moderno como coberturas lisas, paredes
envidraçadas, pedras naturais e elementos high-tech como elevadores
envidraçados.
O mais
provocante arquiteto pós-moderno é sem dúvida Frank Gehry. Suas construções são
facilmente identificáveis pelo emprego de materiais industriais
despretensiosos, como compensados, cerca de correntes, papelão corrugado e
blocos de concreto. Ele projetou ainda prédios pós-modernos que expressam seu
propósito através da forma. O California Aerospace Museum explode no dinamismo
de ângulos salientes que lhe sugerem vôo.
DESCONSTRUTIVISMO
Por volta de 1990, a arquitetura
pós-moderna foi substituída nos meios de comunicação pelo “desconstrutivismo”
baseada nos conceitos filosóficos de Jacques Derridas, que ampliava ao extermo
a abstração do Movimento Moderno.
Demonstram de
uma forma completamente extravagante e espetacular toda a sua oposição contra
as normas de construção e de ornamentação.
O lema criado
por Bernhard Tschumi para o desconstrutivismo “a forma segue a fantasia”
invertendo o famoso ditado de Sullivan “ a forma segue a função” poderia também
ter sido o lema dos pós-modernistas.
A partir
disso foi desenvolvida a idéia da “perfeição perturbada”, sendo frequente
encontrar elementos de enorme delicadeza ao lado de outros monstruosamente
super-dimensionados, o que dá à estrutura um aspecto caótico e um efeito
instável, como se fosse desmoronar de um momento para o outro.
A arquitetura
desconstrutivista procura derrubar a percepção quotidiana não questionada da
arquitetura e, através dessa distanciação, retornar com a Arquitetura para o
campo das artes.
TENDÊNCIAS ATUAIS
Paralelamente
ao pós-modernismo e ao desconstrutivismo, as tendências racionalistas no
sentido do modernismo clássico continuaram a existir até os dias de hoje.
Procurou-se
freqüentemente eliminar os exageros e restabelecer a ligação com o glorioso
início dos anos vinte, retomando a pureza das cores, das formas e dos
materiais.
Deste modo,
elementos estéticos da arquitetura moderna tentam inviabilizar uma fuga
anti-moderna da realidade. Isso acontece desde o final dos anos oitenta quando
a arquitetura internacional começa a entrar num desacordo e numa disposição
pouco clara de seus objetivos.
Será que a
era moderna terminou com o declínio da crença no progresso e a perda da
importância da indústria clássica? Ou será que adquiriu apenas um outro caráter
com a transição para a sociedade da informática, da comunicação e da prestação
de serviços?
Do
pós-modernismo restou, pelo menos, a sensibilidade relativa à envolvente e a valorização
da forma de cidade tradicional.
Na
generalidade, a arquitetura tende, no momento, de novo para um racionalismo
bastante austero, assimilando evidentemente todos os erros cometidos, se
tornando de certo modo um “modernismo revisto”.
O volume de edifícios
a serem construídos aumenta cada vez mais devido ao aumento da população. Deste
modo, é necessário construir cada vez mais depressa e com uma racionalização
cada vez maior.
Além disso é
importante perceber que o estilo da obra não está mais individualizado na
vontade do arquiteto, mas está sim diretamente envolvido com os mecanismos de
mercado, dos investidores e de lobbies de interesses.
Aquilo que os
pioneiros da arquitetura moderna exigiam em tempos com entusiasmo, tem-se
consumado à sua revelia, sem que isso seja necessariamente bom para eles. Pois
a arquitetura moderna, assim como a cidade, que é hoje muito mais um espaço
desmembrado do que uma cidade no sentido antigo, corresponde ao nosso tempo
atual e nós sabemos o que isso representa. A individualidade está aí. Caberá a nós
melhorarmos esta situação!
2 comentários:
Trabalho maravilhoso!! O melhor na área já encontrado. PARABENS!!
Amei o seu trabalho! A cronologia dos fatos e a clareza da redação torna a leitura fácil e prazerosa! OBRIGADO!!!
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